Livro42
A Morte em Veneza & Tonio Kröger
Data do debate:
quinta-feira, 7 de Novembro de 2019 - 19:00
Título original:
Der Tod in Venedig; Tonio Kröger
Número de páginas:
200
Duas novelas magistrais do jovem Thomas Mann, complementadas por ensaios do crítico Anatol Rosenfeld.
"A morte em Veneza" (1912), aqui na tradução de Herbert Caro, é uma das novelas exemplares da moderna literatura ocidental. A história do escritor Gustav von Aschenbach, que viaja a Veneza para descansar e lá se vê hipnotizado pela beleza do jovem polonês Tadzio, mais tarde daria origem ao notável filme homônimo do diretor italiano Luchino Visconti, de 1971.
O volume traz ainda "Tonio Kröger", narrativa de 1903 que Thomas Mann declarava ser uma de suas favoritas. A novela tem diversos traços autobiográficos e está centrada na relação entre artista e sociedade, um tema muito caro à obra de ficção do escritor, sobretudo nos primeiros trabalhos. A nova tradução é de Mario Luiz Frungillo.
Comentários
APPIO
05/11/2019 - 11:38
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Morte em Veneza – Thomas Mann
Deixo – como de costume - de registrar meus comentários sobre o livro, poupando assim colegas do CLS das minhas opiniões radicalmente contrárias às intenções subliminares do autor.
quatro primeiros
Durval Tabach
07/11/2019 - 17:54
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Semelhanças
É interessante observar as semelhanças entre as duas novelas, onde talvez estejam alguns significados nessas leituras aparentemente simples, com pouca coisa acontecendo no mundo físico, mas em ebulição no mundo mental do protagonista.
Em ambas histórias, um escritor em crise criativa, com características claramente autobiográficas, busca mudar de ares para ver o mundo de outro ângulo e talvez assim encontrar novas inspirações para o seu trabalho. Durante a viagem, surgem reflexões sobre o papel da arte e como ela se relaciona com a vida.
Nas duas novelas, Mann mostra um sentimento de inadequação, um conflito interior entre a extrema disciplina e a autoindulgência, entre a racionalização e a espontaneidade, entre a erudição e a trivialidade, uma busca infinita pela perfeição, que é paradoxal, pois o escritor não pode se aproximar demais de seus objetos de adoração, sob o risco de subvertê-los…
Em A Morte em Veneza, essa perfeição se materializa num garoto lindíssimo; em Tonio Kroger, ela está no belo e saudável casal de amigos da adolescência. Nos dois casos, entretanto, estão presentes também o germe da imperfeição: o garoto tem saúde frágil e não viverá muito; o casal é intelectualmente limitado! Ou seriam justamente essas características negativas o que lhes confere tanto encantamento? O sublime está no extraordinário ou no prosaico?
Pressinto que não fui capaz de captar toda a profundidade das obras, que parecem ser do tipo que precisa ser relido – ou debatido num clube de leitura – para ser completamente compreendido, são textos que se distanciam do entretenimento e se aproximam do estudo filosófico. Infelizmente, vou perder o debate de hoje, que ajudaria a aplacar um pouco dessa frustração, mas quem sabe meus colegas de leitura me socorram com alguns comentários.
Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para que lê-lo? (Franz Kafka)