O velho e o mar
Depois de anos na profissão, havia 84 dias que o velho pescador Santiago não apanhava um único peixe. Por isso já diziam se tratar de um salão, ou seja, um azarento da pior espécie. Mas ele possui coragem, acredita em si mesmo, e parte sozinho para alto-mar, munido da certeza de que, desta vez, será bem-sucedido no seu trabalho.
Esta é a história de um homem que convive com a solidão, com seus sonhos e pensamentos, sua luta pela sobrevivência e a inabalável confiança na vida. Com um enredo tenso que prende o leitor na ponta da linha, Hemingway escreveu uma das mais belas obras da literatura contemporânea.
Uma história dotada de profunda mensagem de fé no homem e em sua capacidade de superar as limitações a que a vida o submete.
Trecho:
"Ele era um velho que pescava sozinho em seu barco, na Gulf Stream. Havia oitenta e quatro dias que não apanhava nenhum peixe. Nos primeiros quarenta, levara em sua companhia um garoto para auxiliá-lo. Depois disso, os pais do garoto, convencidos de que o velho se tornara salao, isto é, um azarento da pior espécie, puseram o filho para trabalhar noutro barco, que trouxera três bons peixes em apenas uma semana. O garoto ficava triste ao ver o velho regressar todos os dias com a embarcação vazia e ia sempre ajudá-lo a carregar os rolos de linha, ou o gancho e o arpão, ou ainda a vela que estava enrolada à volta do mastro. A vela fora remendada em vários pontos com velhos sacos de farinha e, assim enrolada, parecia a bandeira de uma derrota permanente."
Comentários
Durval Tabach
02/10/2017 - 13:18
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Livro sensacional, que dá
Livro sensacional, que dá vontade de ler inteiro numa sentada. A temática simples esconde altas filosofias e reflexões. Será um prazer reler e discutir com vocês este clássico.
Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para que lê-lo? (Franz Kafka)
APPIO
06/12/2017 - 09:35
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o velho e o mar
Sensações
Quando o li pela primeira vez eu era um pouco mais velho que o Manolin.
Relendo-o agora, eu sou mais velho do que o Santiago.
Meio século se passou. O livro é fisicamente o mesmo. Mas agora talvez compreenda melhor o Santiago.
Se o livro, na forma, é um monólogo, toda a estória, porém, é um diálogo.
O diálogo entre as contradições. Contradições da própria vida.
A pequenez do barco e a imensidão do mar. A banalidade da descrição dos gestos e a grandiosidade dos seus significados. A ânsia do predador de matar e, ao mesmo tempo, a sua admiração pela caça. A materialidade da dor física e a sublimação dos sentimentos. A resignação à situação e a determinação dos atos.
Mas essas contradições, ainda que contradições pareçam, fazer parte de uma mesma natureza.
Cada contrário não está fora do oposto, mas dentro, junto com o outro.
Hoje já não vi mais no livro a historia de uma pescaria.
Mas a historia da própria vida.
O velho sou eu. O arpão, as linhas, os meus recursos. O barco e o mar o meu caminho. O peixe os meus objetivos. Mas pescá-lo eu vi que não é o objetivo.
É apenas o meio para se manter vivo.
quatro primeiros
Lavinia Haddad
07/12/2017 - 12:31
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O Velho e o Mar
Muito interessante esta interpretação da estória, como sendo a pescaria uma metáfora da própria vida. É uma estória de luta e superação. O velho, apesar de todo seu esforço, é vencido pelos tubarões. Mas consegue pescar o peixe, o maior de sua vida, e consegue retornar vivo. Fica, então, a pergunta: seria ele um fracassado ou um vencedor?
Lavinia Haddad
08/12/2017 - 08:06
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O que mais me tocou nessa
O que mais me tocou nessa estória foi a relação do velho com o peixe, ou como foi dito, do predador com sua caça. Após muitos dias de convivência, o velho passa a admirar e respeitar o peixe pela sua beleza e grandeza e a considerá-lo um adversário nobre. A certa momento chega a chamá-lo de irmão e não se importa se for ele a morrer. Seu objetivo inicial era pescá-lo, pois ele "nasceu para ser um pescador, tal como o peixe nasceu para ser peixe", e precisava mostrar a todos que não era apenas um velho inútil, mas que ainda podia pescar um bom peixe. Ao final, sente-se derrotado por não ter conseguido vencer os verdadeiros predadores, os tubarões, que comem até carne podre. Sua luta final passa a ser a de trazer o peixe intacto (ainda que morto) para a praia, para que assim possa alimentar tantas outras pessoas e sua carcaça não seja confundida com a de um tubarão.
Georges Jazzar
04/05/2018 - 16:26
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bela trama psicológica ou a
bela trama psicológica ou a maior história de pescador de todos os tempos