Noites brancas
Durante uma das singulares "noites brancas" do verão de São Petersburgo, em que o sol praticamente não se põe, dois jovens se encontram numa ponte sobre o rio Nievá e dão início a uma história repleta de fantasia e lirismo.
Publicado em 1848, na contracorrente de sua época, que privilegiava o Realismo, este livro é, na obra de Dostoiévski, aquele que mais se aproxima da escola romântica. Não apenas pelo tipo do Sonhador, figura central da novela, mas também pela atmosfera delicada e fantasmagórica, que envolve a trama, o cenário e os protagonistas. Aqui, a própria cidade de São Petersburgo - com seus palácios e pontes, seus espaços monumentais - revela-se como personagem.
Não por acaso, Noites brancas atraiu a atenção de diretores de cinema como Luchino Visconti e Robert Bresson, que procuraram traduzir para a tela todo o encanto desta que se tornou uma das obras mais famosas de Dostoiévski - agora pela primeira vez no Brasil em tradução direta do russo.
Comentários
Durval Tabach
26/10/2017 - 12:39
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Atenção para a tradução
É possível encontrar diferentes traduções desta obra para o Português, tanto em e-book quanto em papel. O CLS recomenda a edição da Editora 34, exclusivamente em papel, cuja capa ilustra esta postagem, traduzida diretamente do Russo por Nivaldo dos Santos.
Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para que lê-lo? (Franz Kafka)
Durval Tabach
05/11/2017 - 12:43
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Da necessidade dos sonhos
O subtítulo do livro, que não aparece na capa, diz muito: ‘Romance sentimental (Das recordações de um sonhador)’.
Era uma vez um jovem que — para suportar uma vida solitária, melancólica e sem sentido — sonhava. Na falta de gente, encontrava alívio na contemplação minuciosa de lugares e transeuntes, por isso adorava caminhar, levando consigo o leitor.
Foi este hábito que o levou a encontrar uma mulher, a primeira. Então, já cansado de só sonhar, decidiu trocar uma parte dos sonhos por alguma realidade, que o amor subitamente fez suportável ao lado da jovem dama. Ou teria sido a troca somente de um sonho por outro sonho um pouco mais lúcido?
A dama, também ela, era uma sonhadora, mas isto não a impedia de ter uma visão mais prática da vida.
E o jovem sonhador resignou-se em voltar à velha vida, mas com ânimo renovado: “Meu Deus! Um momento inteiro de júbilo! Não será isto o bastante para uma vida inteira?…”
Fica essa pergunta para o leitor.
Qual é a dose de sonho necessária para encarar a realidade? Quanto do que chamamos realidade não é, no fundo, apenas sonho?
Soube que esta novela romântica é uma obra bastante diferente das que fizeram Dostoiévski conhecido, escritas depois do anos de trabalho forçado na Sibéria. Apesar da predominância do lirismo nesta obra, dá para vislumbrar um pouco do existencialismo que marcaria as obras pós-Sibéria, que eu nunca li.
Ficou a curiosidade de ler uma obra da outra fase, quem sabe em alguma futura reunião do CLS.
Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para que lê-lo? (Franz Kafka)
Silvia Slivinskis
05/11/2017 - 16:44
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Gostoso de ler
Livro gostoso de ler. Um sonhador encontra uma sonhadora num mundo de sonhos e desencontros. Uma novela romântica simples e detalhada, sentimental e emocionante. Parecia previsível para o ano que foi escrito. Mas surpreendeu!
APPIO
11/04/2018 - 15:01
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Noites Brancas
1848 – Ano em que a obra foi escrita
Rússia – Sec. XIX (primeira metade) –
Economia/Política
Monarquia (absoluta). Poder: Czar/Nobreza (da terra)+ proprietários de terra + Igreja (ortodoxa).
Regime de servidão > medieval. Muita atrasada em relação da Europa Ocidental ( Ver. Ind).
Trabalhadores “presos” à propriedade, além das péssimas condições, não podiam atender demanda de M.O. requerida pelo processo de industrialização (insípido mas crescente) e nem demanda para o mercado. Servidão era entrave para capitalismo, p/ desenvolvimento, p/industrialização e p/o próprio crescimento da burguesia.
No início do século começam a surgir revoltas. E depois de 1812 (vitoria sobre Napoleão), elas se acentuam ( militares (parte da burguesia e nobreza) aderem movimentos sociais, e iniciam sociedades secretas. E revoltas. Em 1925 ocorre a maior delas (Dezembristas). Objetivo: consciência social, abolição da servidão e da autocracia. Começa luta perdida pelos revoltosos exercito ataca com violencia. Czar Alexandre I morre > irmão Constantino renuncia, assume trono Nicolau I. Contradição continua: Capitalismo X Feudalismo.
Anos 30 > pequenas manufaturas > fábricas. Mas continua atraso em relação ao ocidente.
Só em 1837 1ª ferrovia, só 1851 ferrovia S.Petersburg > Moscou.
1830 – revolta da cólera (de camponeses). 1850 muitas revoltas várias regiões até Ucrânia.
Cultura
Século XVIII predomínio do Barroco e Barroco tardio (rococó). Na 1ª metade do XIX, influencia do classicismo (arq. e música) e há um início de florescimento cultural. Literatura: Puschkin, Lermantov, (poesia) Gogol, Turgenev (romances). Dostoievski. Música: Glinka (clássico). Mas os grandes nomes produzem na segunda metade do XIX. Influencia bizantina (igreja ortodoxa) > barroco/rococó na arquitetura e pintura.
O LIVRO: Romantismo X Realismo X Psicanálise
Período do livro: período romântico. Início dos traços do realismo, que se afirma na 2ª metade do século, inclusive com Dostoievski como expoente. Mas a profunda penetração na alma dos personagens, o faz uma obra psicanalítica, embora a psicanálise surja somente décadas após. Sua narrativa coloca nas falas a explosão contida dos sentimentos A pureza desses sentimentos, o altruísmo, a paixão dominada transformada em amor e este, preterido, transformado em pura amizade, é romantismo puro. E a descrição realista das coisas, pessoas, costumes é realista. Só não é realista o conformismo estóico diante do desprezo. Mas, para quem nunca foi amado, tê-lo sido por um momento já é um lenitivo.
Enfim, cada livro impacta de forma diferente a cada um, segundo suas experiências e principalmente segunda a sua circunstância (em que é lido).
Em tão, pessoalmente, me comoveu. Por compreender o personagem? Por identificar-me e me ver no personagem? Por ter passado por experiência semelhante?
O que importa é que comoveu.
quatro primeiros
Georges Jazzar
04/05/2018 - 16:21
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Obra provou a versatilidade
Obra provou a versatilidade do autor.