Travessuras da menina má
Nos anos 50, no bairro aristocrático de Miraflores, em Lima, o jovem Ricardo Somocurcio se apaixona pela estonteante e misteriosa "chilena" Lily. Depois de descobrir que, na verdade, ela é peruana e de origem humilde, ele a perde de vista, mas não consegue esquecê-la.
Ricardo, um intérprete da ONU sem grandes ambições, e Lily, mulher fria e manipuladora que vive mudando de nome e de marido conforme as conveniências, se reencontram ao longo da vida, em diferentes momentos e em várias cidades do mundo. Travessuras da menina má conta esta história de encontros e desencontros através de quatro décadas.
Segundo Vargas Llosa, este é um romance que desejava escrever há muito tempo. "É uma história de amor, um amor moderno, condicionado pelo mundo em que vivemos e que está muito mais próximo da realidade do que os amores românticos da literatura. Este amor que se estende ao longo de quarenta anos também serve para fazer uma espécie de grande afresco de um universo que mudou extraordinariamente", afirmou ao El País.
Ao mesmo tempo em que conta a história de uma paixão arrebatadora, Travessuras da menina má traça um panorama de transformações sociais e políticas ocorridas na Europa e na América Latina. Muitas das experiências vividas por ele aparecem através de seus personagens:
"No romance utilizo material histórico do que foi o movimento guerrilheiro no Peru, o grande fracasso da primeira tentativa revolucionária séria que foi o Movimento de Esquerda Revolucionária, o MIR. E também descrevo o que é esse clima em que a utopia revolucionária se propagou de forma generalizada, como Paris se transformou no centro que exportava as ideias, os mitos e as fantasias da revolução, e também o fracasso de tudo isso. A vida me deu a oportunidade de viver as duas coisas", lembra o autor.
Mario Vargas Llosa admite que este romance dá muitas outras pistas sobre sua própria vida. "O livro se passa nas cidades onde vivi. A história em si não existiu, mas os lugares são os meus: o Peru de quando eu era pequeno, a Paris dos anos 60, a Londres dos 70 e a Espanha dos 80. Na época da 'swinging London', por exemplo, caí no bairro que descrevo muito no romance, Earl's Court, na época em que era o coração desse movimento", disse ao jornal espanhol.
Ao comentar a possibilidade de o romance dos protagonistas ter algum traço autobiográfico, ele acrescenta em outra entrevista ao jornal argentino Clarín: "Para falar de amor, inevitavelmente é preciso recorrer também à nossa própria experiência, mas digamos que, aqui, metade é imaginação e a outra metade feita de recordações." Para Mario Vargas Llosa, escrever um romance de amor é "provavelmente um dos maiores desafios literários de um escritor. Além de já ter uma tradição muito rica, este gênero nos empurra facilmente para o estereótipo, o lugar-comum".
Comentários
Durval Tabach
02/10/2017 - 22:13
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Comentário herético: achei o
Comentário herético: achei o enredo repetitivo, não consegui terminar.
Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para que lê-lo? (Franz Kafka)