Paixão Índia
A jovem Anita Delgado era bailarina na Espanha, no início do século XX, quando um marajá indiano se apaixonou por ela, lhe deu um palácio e a transformou em princesa – mas não em sua única mulher. Depois de chegar à cidade de Kapurthala sobre um elefante luxuosamente adornado, a nova princesa descobriu que aquele aparente conto de fadas não transcorreria sem o inevitável choque cultural entre dois mundos que se mostravam mais diferentes do que ela imaginava.
As outras mulheres do marajá e seus súditos viam em Anita uma ameaça à tradição hindu, e a jovem, apesar de cercada de conforto e riqueza, vivia na mais completa solidão. Determinada, porém, ela se manteve no lugar que acreditava ser o seu – até seu coração começar a bater de maneira diferente.
Javier Moro realizou pesquisas detalhadas, tanto na Europa quanto na Ásia, para construir uma narrativa minuciosa da relação do casal, que deu origem a um dos maiores escândalos da Índia inglesa.
Comentários
APPIO
10/10/2019 - 16:44
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Paixão India
Como de hábito, comecei a ler Paixão da Índia sem nada ler a respeito. Nem orelhas. Apenas li a dedicatória na página de rosto datada de 22/05/09 do exemplar que desde então repousava na numa das estantes. E lembrei-me dos comentários positivos que ela me fazia, estimulando-me para que o lesse. Não o fiz então.
Agora, quando conclui a leitura da Paixão da Índia estava às voltas com os critérios de classificação literária por outro motivo. O que seria essa Paixão? Não ficção ou ficção? Mais a primeira que a segunda. Romance? Certamente. Romance Histórico? Porque não? Aventura? E não teria sido? Desisti.
Como nada sabia sobre o livro li-o como ficção. Uma ficção com alguns ingredientes de realidade histórica Depois eu iria pesquisar sobre a época, os locais, os personagens. Mas, ao chegar ao encarte após a página 192 as fotos me contaram tratar-se de não ficção. Lá estavam o e os marajás da época, enfeitados tanto quanto árvores de natal.
Mas a história contada parecia mais um conto de fadas, mais uma cinderela do século XX, mais uma história da onda orientalista, mais uma ambientação das mil e uma noites, mais uma leve aproximação com o Kama-Sutra. Tudo ao gosto dos leitores.
Com a convicção da não ficção do livro, e como gosto de História a leitura tornou-se mais interessante. Mais crível – pelas datas, acontecimentos internacionais reais, reinados, personagens verdadeiros. Além disso, os trechos entre aspas de diários e cartas, não me pareceram mais apenas técnica de recursos narrativos para dar realismo, mas pelo contexto, a existência de documentos.
A estória fantástica da jovem dançarina da classe média baixa despertar a paixão de um marajá, e acabar por se tornar sua esposa e princesa tinha todos os ingredientes de contos românticos para deleite e suspiros de jovenzinhas do século passado. Mas, infelizmente era realidade. Realidade, por certo naquilo que poderia ser comprovado; romanceada, naquilo que a habilidade e talento do autor criavam. Mas o equilíbrio entre realidade e ficção, na palavra do autor, fazia com que tivessem uma só existência.
Assim, tive o prazer de ler com o interesse pela História da época e da região e, ao mesmo tempo, com a ansiedade para desfechá-lo do enredo do romance.
Claro que é provável que pessoas de mesmo nível social se conheçam ou se cruzam. Só que nesta estória surpreendeu-me a quantidade de personagens públicas que privaram do Casal 20 (lembram? Jennifer Hart e Robert Wagner na TV).
A presença de personalidades mundiais enriquece o texto. Os personagens principais terem tido contato com Ghandi, Nheru, Bibi, a primeira mulher ministra da Índia, o primeiro líder do recém criado Paquistão, e outros marajás, seria plausível: eram todos indianos. Privarem da companhia de Lord Moutbatten, já não era para poucos, mas ele fora o Vice-Rei da Índia.
Convivas do Rei Eduardo VII, Rei da Inglaterra, vá lá, ainda plausível: era o Imperador da Índia. Ser pessoalmente condecorado por Jorge V, tudo bem. O Duque de Kent, os Primeiros Ministros Clement Attlee, Georges Clemenceau, o presidente Wilson dos EEUU, eram relações de Estado.
Mas amigo do Rei Afonso XIII da Espanha já coisa era pessoal. Assim como pessoais foram relações com o Príncipe de Gales (Rei Edward VIII) e muitos outros famosos: Charles Chaplin. O filho de Henry Ford, atrizes famosas, e para variar, sempre tem – pelo menos um argentino de cabelos com Glostora, como o Benigno Macias e outros de Buenos Aires. Até a loiríssima Jean Harlow surge nas páginas.
Refletindo sobre todas essas figuras famosas que aparecem no livro, pensei nesses filmes de Hollywood em que há muitos atores famosos fazendo “participação especial”, apenas uma “pontinha”para chamar platéias.
Lá pelas tantas, pensei comigo, só falta aparecer aí também o Pelé. Quando li que tinham ido ver a Copa do Mundo de 1982, parei.
Enfim, um belo romance. Cativante, elegante, empolgante, talvez relevante - para conhecimento de outra cultura e de outra época.
Nosso atual Ministro da Justiça está bem de primo! Xavier “Moro”, um grande escritor!
quatro primeiros