O Homem Duplicado
O Homem Duplicado, escritor português José Saramago, é um romance que, a partir de situações corriqueiras, leva a situações insólitas. Através delas, aspectos como o destino comum de vidas, a situações inéditas, aborda questões de identidade, por meio da história de um medíocre professor de história, deprimido e insatisfeito com a monotonia de sua vida, que descobre a existência de um sósia, absolutamente idêntico a ele e, a partir daí inicia uma obsessiva busca para reconhecer e entender essa coincidência. A descoberta da existência de um sósia começa ao ver um filme em que ele é um ator, ou melhor, um sósia seu perfeito é um ator coadjuvante. E começa aí o intrigante enredo da busca incontrolável desse sósia. E, através das situações criadas – desde a descoberta até e o encontro do outro, é construída uma história repleta de acontecimentos, cotidianos e inusitados que, por um lado estimulam a leitura e por outro também levam a questionamentos e profundas reflexões sobre a identidade das pessoas. Como seria se olhar no espelho e ver o outro. Como você, sendo o outro, agiria? Agiria como o outro? Ou agiria como Você? Mas afinal, quem é Você? Saramago levanta questões profundas sobre o que nos torna únicos e, ao mesmo tempo, de podermos ser substituíveis. Mas, o que nos tornas únicos? Nossas inseguranças, angústias, fraquezas? Mas isso não são características dos outros? Como uma história interessante, intrigante, com certo suspensa, com personagens bem construídos e cativantes, pode levantar questões profundas da existência humana.
Mas, para V. encarar O Homem Duplicado, terá de encarar um estilo de escrita único, marca registrada de Saramago. Parágrafos enormes, inexistência de pontuação (pelo menos da pontuação tradicional da língua), descrições e reflexões misturadas, atemporalidade, e outras irreverências com a língua culta. O que não quer dizer de um autor inculto, muito pelo contrário.