O vendedor de passados
“Nada passa, nada expira
O passado é um rio que dorme
e a memória uma mentira multiforme”.
A letra da canção que aparece logo no primeiro capítulo do livro, resume a idéia central do mais recente romance de José Eduardo Agualusa. É a história de um albino que mora em Luanda, Angola, e que traça árvores genealógicas em troco de dinheiro.
Estranho ofício estranho o personagem principal - o vendedor de passados falsos, Félix Ventura - e mais estranho ainda o narrador: uma osga, um tipo de lagartixa. É ela que vai contar como o albino Félix fabrica uma genealogia de luxo para seus clientes. São prósperos empresários, políticos e generais da emergente burguesia angolana que têm futuro assegurado, mas falta-lhes um bom passado.
A vida de Félix anda muito bem, até que uma noite recebe a visita de um estrangeiro à procura de uma identidade angolana. E, então, numa vertigem, o passado irrompe pelo presente e o impossível começa a acontecer. Sátira feroz à atual sociedade angolana, O Vendedor de Passados é uma reflexão sobre a construção da memória e seus equívocos.
Comentários
Durval Tabach
29/09/2017 - 08:04
permalink
Esqueça o filme!
A editora foi infeliz ao escolher para a capa um cartaz do filme "baseado" no livro, porque o filme é muito ruim.
O roteiro tomou muitas liberdades poéticas e se afastou demais da história do livro, a ponto de omitir um de seus protagonistas: o inusitado narrador.
Definitivamente, o filme não faz juz ao livro, que tem uma história criativa, bem conduzida, que flui e incita o leitor. Boa leitura.
Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para que lê-lo? (Franz Kafka)