O retrato de Dorian Gray
Um clássico da era vitoriana sobre a relação entre a aparência e a virtude, a vida pública e a esfera privada, O retrato de Dorian Gray é também uma alegoria sobre o desejo da juventude eterna.
Em 1891, quando foi publicado em sua versão final, O retrato de Dorian Gray foi recebido com escândalo, e provocou um intenso debate sobre o papel da arte em relação à moralidade. Alguns anos mais tarde, o livro foi inclusive usado contra o próprio autor em processos judiciais, como evidência de que ele possuía “uma certa tendência” — no caso, a homossexualidade, motivo pelo qual acabou condenado a dois anos de prisão por atentado ao pudor.
Mais de cem anos depois, porém, o único romance de Oscar Wilde continua sendo lido e debatido no mundo inteiro, e por questões que vão muito além do moralismo do fim do período vitoriano na Inglaterra, definida por um dos personagens do livro como “a terra natal da hipocrisia”. Seu tema central - um personagem que leva uma vida dupla, mantendo uma aparência de virtude enquanto se entrega ao hedonismo mais extremado - tem apelo atemporal e universal, e sua trama se vale de alguns dos traços que notabilizaram a melhor literatura de sua época, como a presença de elementos fantásticos e de grandes reflexões filosóficas, além do senso de humor sagaz e do sarcasmo implacável característicos de Wilde.
Prefácio:
"O artista é o criador de coisas belas.
Revelar a arte e ocultar o artista é a finalidade da arte.
O crítico é quem pode traduzir de outro modo ou para um novo meio sua impressão sobre coisas belas.
A mais elevada modalidade de crítica, e também a mais baixa, é uma forma de autobiografia.
Aqueles que encontram significados feios em coisas belas são corruptos sem serem encantadores. Isso é um defeito.
Aqueles que encontram significados belos em coisas belas são os cultos. Para estes há esperança.
Eles são os eleitos para os quais as coisas belas significam somente Beleza.
Não existe livro moral ou imoral. Livros são bem escritos ou mal escritos. Isso é tudo."
Comentários
Fkadi
16/10/2017 - 09:56
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livro muito interessante e
livro muito interessante e mostra que o fenomeno do homem Ubersexual já é muito antigo.
APPIO
11/04/2018 - 14:57
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O Retrato de Dorian Gray
Não fora o autor um gênio, este poderá ser mais um mero romance policial ou mesmo um tema sobrenatural.
O curioso é que, segundo consta, o livro foi escrito atendendo à uma “encomenda” de um editor americano. E teve por argumento um fato verdadeiro: quando Oscar Wilde, em visita ao estúdio de um pintor amigo, comentou sobre a beleza do retrato que acabara de ser pintado dizendo que seria uma pena que o belo modelo um dia envelheceria. Concordando, o pintor aduziu que seria maravilhoso se o modelo pudesse permanecer com estava naquele momento e que a imagem do quadro é que sofresse as marcas do tempo.
A partir daí, a genialidade do autor se impõe. E também a sua personalidade, controversa sem dúvida, mas brilhante certamente. Sua técnica narrativa mantém o leitor (eu pelo menos) preso, não só aos fatos mas aos comentários e reflexões num balanço entre tensão dos acontecimentos, descrições precisas, análises psicológicas, sociais, políticas e críticas, muitas críticas. Com humor, sarcasmo, perspicácia, ironia, e sobretudo amoralidade, retrata um estamento da sociedade da época, não perdoando nada nem ninguém, mas com profundidade de argumentos.
Em minha opinião, conhecendo um pouquinho da vida do autor, há muito de biográfico nos três personagens principais: Dorian, Harry, e o próprio Basilio. Principalmente Harry e Dorian, nos diálogos e reflexões, revelam o comportamento social e pessoal de Oscar Wild, suas convicções e sobretudo seus “ vícios”.
É impressionante a cultura do autor. Mas também a sua vaidade expressa na exuberância de conhecimentos. Tive a paciência de anotar os campos em que ele revela conhecimento pelos seus comentários. Incrível: perfumaria, botânica, joalheria, gemologia, religião, misticismo, artes plásticas, literatura, Historia, mitologia, tapeçaria, musicam moda e decoração, tecelagem, genealogia, geografia, estética... (e sobre este último, o esteticismo como movimento artístico, que parece ter tido no autor um adepto e propagador).
À técnica narrativa se adiciona a criatividade de formular conceitos em frases lapidares. Aliás, poucas páginas não as têm. As antíteses, metáforas, paradoxos são usados a todo tempo, dando sabor- e humor – ao que poderia ser enfadonho.
Chocante, como todo libertino é para os moralistas de qualquer época, as opiniões emitidas não só sobre os valores e comportamentos sociais são de profunda agudeza. As opiniões de Harry sobre as mulheres – até divertem – pois certamente tornam as feministas suas inimigas não só mortais, mas também ensandecidas post-mortem. A moralidade e costumes da época são detonados com a ironia da revelação da sua hipocrisia.
Sobre a estória - Nada comentar sobre a estória é uma forma de manter a curiosidade e um convite à leitura. Para mim obrigatória. Ler pela segunda vez ( não há muito o tinha lido) nem por isso deixou de manter-me intensamente preso à narrativa e descobrindo novas virtudes do texto. O que acredito acontecerá com a maioria.
Sobre o autor: amoral, cínico, devasso, safo, corruptor, sibarita, homo-hetero-bi-trans-pan-sexual, dissimulado, hipócrita, bom-vivan, hedonista, dandy, dissoluto, libertino......mas cultíssimo e genial.
quatro primeiros
Georges Jazzar
04/05/2018 - 16:31
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Livro que revolucionou uma
Livro que revolucionou uma época.
Mesmo que de forma subliminar.