A Livraria
Despretensioso. Foi a palavra que encontrei, mais adequada, para adjetivar este livro. É um romance curto, sugerindo que a autora não escreveu nada além do necessário, portanto, objetivo.
Conta a história de uma viúva que decide abrir uma livraria numa pequena cidade da Inglaterra, junto ao litoral – portanto fria e úmida. Isso ocorre no fim da década de cinqüenta. Mas essa iniciativa singela (mais um adjetivo) vai enfrentar resistência da comunidade, liderada por figuras influentes, que não querem ver a possibilidade de mudanças que uma livraria poderia trazer aos hábitos, comportamentos e, mesmo (ou sobretudo?), à estrutura de poder na comunidade.
Uma atmosfera de constante tensão (silenciosa) e resistência (passiva), mostra o conservadorismo social, a luta de indivíduos contra estruturas de poder. Consonante à sua época (1959), o livro leva à reflexões sobre o impacto da literatura, sobretudo nas sociedades conservador, relatando a polêmica criada em torno da venda do livro Lolita, de Vladimir Nabokov, que, de fato, ocorreu em 1955.
Num estilo próprio, a autora transmite a ironia, a perseguição, a solidão, e a melancolia, porém sempre com sutileza e elegância. Nela, a exacerbação não encontra espaço. A paixão dá lugar ao amor, ou à estima. O ódio a um não gostar, ou mal querer. Apenas.
Por fim, o livro - e a história – terminam demonstrando que a resistência às mudanças e o conformismo das pequenas comunidades são inevitáveis, que os sonhos podem ser desfeitos, que a coragem e o desafio nem sempre são vencedores. Tudo muito anti-romântico.
No hates, no passions. So British, my god!