ALFABETOS

Os alfabetos mais antigos do mundo são testemunhos fascinantes da evolução da escrita e da comunicação humana. Entre os mais notáveis, destacam-se o alfabeto protossinaítico e o alfabeto fenício. O protossinaítico, que surgiu por volta de 1850 a.C., é considerado um dos primeiros sistemas de escrita alfabética, desenvolvido a partir de pictogramas egípcios. Já o alfabeto fenício, que emergiu por volta de 1050 a.C., é amplamente reconhecido como o precursor direto de muitos alfabetos modernos, incluindo o grego e, posteriormente, o latino. Ambos os sistemas revolucionaram a forma como as pessoas registravam e transmitiam informações, estabelecendo as bases para a escrita como a conhecemos hoje.

O alfabeto mais antigo do mundo pode ser o encontrado em Tell Umm-el Marra, na Síria, e que data de aproximadamente 2.400 a.C. Os artefatos são quatro cilindros de argila que podem representar a escrita alfabética mais antiga da humanidade, que desafiam a ideia de que o alfabeto teria surgido em torno do Egito.

De acordo com os arqueólogos, os cilindros encontrados em Tell Umm-el Marra, na Síria, são 500 anos mais antigos do que os registros conhecidos e podem indicar que o alfabeto se originou em um lugar diferente do que se pensava até agora. Esse novo achado revela que as pessoas estavam experimentando novas tecnologias de comunicação muito antes do que imaginávamos e em um local completamente diferente.

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Duas escritas são bem-atestadas desde antes do final do quarto milênio a.C.; o cuneiforme mesopotâmico e os hieróglifos egípcios.

Ambos eram bem conhecidos na região do Oriente Médio onde surgiu o primeiro alfabeto a ser usado em grande escala, o fenício.

 Existem indícios que mostram que o cuneiforme estaria começando a desenvolver propriedades alfabéticas em alguns dos idiomas para os quais ele foi adaptado, como pôde ser visto novamente, mais tarde, na escrita cuneiforme persa antiga.

A escrita cuneiforme, surgida na Mesopotâmia por volta de 3400-3300 a.C., é um dos sistemas de escrita mais antigos da humanidade. Desenvolvida pelos sumérios, utilizava marcas em forma de cunha impressas em tabuinhas de argila. Inicialmente pictográfica, evoluiu para incluir símbolos fonéticos, permitindo a representação de uma vasta gama de conceitos. Adotada por outras civilizações mesopotâmicas, foi usada para registros administrativos, textos literários e leis, como o “Código de Hamurabi” e o “Epopeia de Gilgamesh”. Sua descoberta e decifração no século XIX revelaram aspectos da vida cotidiana e cultura das antigas civilizações mesopotâmicas.

Modelo da uma tabua de argila, criada pelos sumérios na Mesopotâmia por volta de 3400-3300 a.C., é um dos primeiros sistemas de escrita conhecidos. Caracterizada por marcas em forma de cunha em tabuinhas de argila, evoluiu de um sistema pictográfico para um mais complexo, com símbolos fonéticos. Utilizada por várias civilizações mesopotâmicas, serviu para registros administrativos, literários e legais, como o “Código de Hamurabi”. Sua decifração no século XIX proporcionou insights valiosos sobre a vida e a cultura das antigas civilizações da região.

O Silabário de Biblos, também conhecido como Silabário de Gebal, é um dos mais antigos sistemas de escrita conhecidos, datando de aproximadamente 1400 a.C. Descoberto na cidade de Biblos, atual Líbano, este silabário é composto por cerca de 100 símbolos que representam sílabas, em vez de letras individuais. Cada símbolo corresponde a uma combinação de consoante e vogal, o que o torna um sistema intermediário entre os alfabetos puramente consonantais e os alfabetos completos.

O Silabário de Biblos é significativo por sua contribuição para a evolução da escrita na região do Mediterrâneo Oriental. Ele foi utilizado principalmente para a escrita de textos administrativos e comerciais, refletindo a importância de Biblos como um centro de comércio e cultura na antiguidade. A descoberta deste silabário oferece insights valiosos sobre as práticas de escrita e a organização social das civilizações antigas que habitaram a região.

Hieróglifo é um extinto modelo de escrita pictográfica, utilizado principalmente no Antigo Egito e por alguns outros povos, como, por exemplo, os antigos maias, astecas, cretenses e chukchis.
Consistem em uma combinação de símbolos que representam palavras ou sons específicos. Eram inscritos em paredes de templos, túmulos , monumentos, bem como em papiros e outros materiais escritos.

Já o alfabeto protossinaítico, (1400 a.C. a 1050 a.C.)  é um dos alfabetos mais antigos conhecidos e é também chamado alfabeto protocananeu e se ignora onde teria criado esse primitivo alfabeto. Mas, acredita-se que se trate de uma adaptação da escrita egípcia antiga criada para transliterar essa escrita para os muitos operários que falavam uma ou mais línguas semíticas e trabalhavam no Sinai que era uma posse do Egito Antigo. Essa escrita deve ter surgido por volta do final Império Médio ou durante o Segundo Período Intermediário do Egito Aantigom. As inscrições mais antigas datam de cerca 1700 anos a.C., embora admite-se  que já existissem desde 1900 a.C. Foram encontrados no sítio arqueológico de Serabit el-Khadim, no Sinai, e por toda essa região. O egiptólogo inglês Alan Gardiner decifrou essa escrita em 1916. Ela deve ter dado origem, através de sucessivas modificações, a maior parte dos alfabetos usados hoje. Ela apresenta apresenta somente 23 símbolos distintos pictográficos. Alguns pesquisadores acreditam que não se trataria de um silabário degenerado, onde cada símbolo representaria uma consoante seguida de uma vogal qualquer e, assim, seria de fato um abjad. Os caracteres de letras únicas dos egípcios parecem ter influenciado muito no alfabeto proto-sinaítico.

O alfabeto fenício (na verdade um abjad/consonantário), por ter apenas as consoantes e não as vogais), foi o sistema de escrita usado na Fenícia (hoje Síria, Líbano e norte de Israel) que deu origem a grande parte dos sistemas alfabéticos atuais Foi adaptado do anterior alfabeto (protosemitico ou protocananeu ) e seu registro mais antigo data de 1200 a.C.  O alfabeto fenício é composto por 22 signos que permitem a elaboração da representação fonética de qualquer palavra. Seus símbolos específicos formavam letras que vão da direita para a esquerda. O alfabeto fenício foi adotado por povos de outras civilizações. A inovação do alfabeto fenício está em sua natureza puramente fonética, na qual cada símbolo representa um som, que exige a memorização de apenas alguns caracteres, diferentemente dos sistemas logográficos hieroglíficos e cuneiformes. Antes do surgimento do sistema fenício, em que cada caractere representava uma palavra, fazendo necessária a existência de milhares de caracteres (de forma similar aos caracteres chineses), exigiam alta especialização para serem aprendidos. Dentre os sistemas derivados do fenício, estão o alfabeto grego, a escrita itálica antiga e o aramaico (que por sua vez originaria os abjads hebraico e árabe). O alfabeto fenício é melhor descrito como um abjad porque só contém caracteres para representar consoantes, as vogais devendo ser inferidas, enquanto que um verdadeiro alfabeto representa tanto consoantes quanto vogais.

Entre os séculos séculos XVI a.C. e XII a.C., em Creta e nas zonas da Grécia Continental, era utilizado este alfabeto (conhecido pelos técnicos como linear B). Esse alfabeto se parece como uma versão primitiva dos dialetos arcado-cipriota e jónico-ático, dos quais provavelmente é antepassado, e é conhecido habitualmente como grego micênico. Posteriormente, mercadores fenícios introduziram o uso, na Grécia, do denominado alfabeto fenício que  não necessita de notar as vogais, ao contrário da língua grega e outras da família indo-europeia, como o latim e em consequência o português. Os gregos adaptaram alguns caracteres do alfabeto fenício sem valor fonético, em grego, para representar as vogais, fato fundamental que tornou possível a transcrição fonética satisfatória das línguas europeias.

O alfabeto aramaico foi um antigo sistema de escrita abjad (ou seja, sem vogais)  muito difundido na região da Mesopotâmia a partir do século VII a.C., sendo então adotado pelos persas. Diferente do Latim que caiu em desuso por volta de 1300, o Aramaico ainda hoje é uma língua ativa nas aldeias do interior da Síria. O aramaico é um idioma com grande importância para a história da humanidade, na qual reside no fato de ser o elo de reversão ao aramaico para conhecer a pronunciação dos nomes e dos sons das consoantes que formam o alfabeto hebraico. Diferente do hebraico, um alfabeto meramente decorativo somente visto em obras de arte e tapeçarias; o aramaico sempre foi usado no interior da Síria e sua preservação se deve ao fato de ser escrito e falado pelos aldeões cristãos que habitavam as cidades ao norte de Damasco, e fizeram com que o Aramaico chegasse intacto até hoje.

O alfabeto latino evoluiu do alfabeto etrusco visualmente semelhante (que por sua vez evoluiu da versão grega cumana, que por sua vez descendia do alfabeto fenício, que por sua vez derivou dos hieróglifos egípcios. Os etruscos governaram a Roma antiga; seu alfabeto evoluiu ao longo dos séculos para produzir o alfabeto latino. Durante a Idade Média, o alfabeto latino foi usado (às vezes com modificações) para escrever línguas românicas, que são descendentes diretas do latim, mas também línguas celtas, germânicas, bálticas e algumas línguas eslavas. Em grande parte inalterado (exceto por algumas letras divididas e adições), o alfabeto romano  forma a escrita usada para escrever a maioria das línguas da Europa, África, América e Oceania modernas. Seu inventário moderno básico é padronizado como o alfabeto latino básico “ISO”. Com o colonialismo europeu e evangelização cristã, a escrita latina se espalhou, passando a ser usada para escrever línguas indígenas americanas, australianas, austronésias, austro-asiáticas e africanas.

No oriente, alfabeto japonês contempla três formas distintas e complementares de escrita. Duas delas são baseadas em sons, como as sílabas em nossa língua, o hiragana e katakana. O terceiro, o kanji, é baseado em caracteres de origem chinesa que representam ideias em vez de sons. Para ocidentais é muito difícil compreender a forma de escrita comum na Ásia. Os caracteres chineses ou caracteres Han (汉字 / 漢字, Hanzi) são logogramas (e não ideogramas) utilizados como sistema de escrita do chinês, japonês, coreano (apenas na Coreia do Sul, e com importância unicamente histórica e/ou cultural) e outros idiomas, como por exemplo o dong. Foram usados na Coreia do Norte até 1949 e no Vietnam até o século XVII. Também denominados sinogramas, as suas origens são remotas, possivelmente anteriores à dinastia Shang, no século XIII a.C., quando aparecem os primeiros registros desta escrita, em ossos de animais. Confúcio, por exemplo, faz referência a existência de um sistema de escrita na China anterior a 2000 a.C. É, contudo, difícil traçar a sua história e a sua origem pertencente ao domínio da mitologia chinesa. Atualmente, países e regiões usam esse o sistema de escrita Chinês tradicional usado oficialmente (Taiwan, Hong Kong e Macau).O chinês simplificado é usado oficialmente, mas a forma tradicional também é amplamente utilizada, especialmente na escrita (Singapura e Malásia) Chinês simplificado usado oficialmente, a forma tradicional de uso diário existe, mas incomum (China continental, Kokang e Estado de Wa de Mianmar). Caracteres chineses usados ​​em paralelo com outras escritas nos respectivos idiomas nativos (Coreia do Sul e Japão).

Alfabeto cirílico ou alfabeto glagolítico foi criado pelos missionários cristãos bizantinos Cirilo e Metódio, ou por seus discípulos, para fornecer uma base escrita para as línguas eslavas. Baseado principalmente no alfabeto grego e, para os sons não helênicos, no glagolítico, o cirílico é ainda hoje usado por boa parte das línguas eslavas, bem como por diversas línguas não eslavas faladas no território correspondente à antiga União Soviética. O alfabeto russo ou alfabeto cirílico russo moderno é a variante do alfabeto cirílico utilizada com o idioma russo. Foi introduzido na época do domínio da Rússia de Quieve (um estado medieval dos eslavos orientais) simultaneamente à sua conversão ao cristianismo (988), de acordo com restos arqueológicos datados. O idioma russo é escrito com a versão moderna do alfabeto cirílico, que utiliza 33 letras: 20 consoantes (б, в, г, д, ж, з, к, л, м, н, п, р, с, т, ф, х, ц, ч, ш, щ), dez vogais (а, е, ё, и, о, у, ы, э, ю, я), uma semivogal/ consoante (й), e duas letras modificadoras ou “sinais” (ь, ъ) que alteram a pronúncia de uma consoante anterior ou de uma vogal seguinte.

O Alfabeto árabe deriva da escrita aramaica de modo que pode ser comparado às semelhanças entre o alfabeto copta ou o alfabeto cirílico e o alfabeto grego. Tradicionalmente, existem algumas diferenças entre as versões ocidentais (magrebinas) e orientais desse alfabeto.. A ordem das letras é também sensivelmente diferente (pelo menos quando são utilizadas como numerais). As palavras em árabe são escritas da direita para a esquerda, enquanto que os números árabes são escritos da esquerda para a direita. O Alfabeto árabe (em árabe: أبجدية عربية) é o principal alfabeto usado para representar a língua árabe, além das diversidades dos idiomas como o persa e línguas berberes. É o segundo alfabeto mais utilizado no mundo, atrás somente do alfabeto latino, e possui 28 letras. O alfabeto árabe é escrito em um estilo cursivo e não usa letras maiúsculas ou minúsculas como no alfabeto latino. A sua grande difusão deve-se principalmente ao fato de o Corão, o livro sagrado do Islão, estar escrito em alfabeto árabe. Apesar de ser denominado de “alfabeto”, na verdade a escrita árabe é um abjad (nome derivado das cinco primeiras letras que compunham a antiga organização do alfabeto árabe: a – b – j – d), ou seja, cada símbolo representa uma consoante. A representação das vogais é feita através de diacríticos colocados sobre ou sob as letras. Nas línguas afro-asiáticas que utilizam a escrita árabe, as vogais geralmente não são representadas na escrita do dia a dia. Isso resulta de uma característica diferente das línguas afro-asiáticas.  As línguas não afro-asiáticas que utilizam a escrita árabe têm um sistema vocálico mais rico que o árabe (por exemplo, 9 vogais diferentes na língua cazaque), pelo que se torna necessário utilizar outros mecanismos para representar as vogais. Essas línguas desenvolveram outros diacríticos para representar vogais inexistentes na língua árabe e/ou utilizam algumas consoantes da escrita árabe para representar vogais.

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