Sira
A volta de Sira, a protagonista inesquecível de "O tempo entre costuras", sucesso internacional de María Dueñas
Em Sira, María Dueñas traz de volta essa personagem que cativou milhões de leitores no mundo, e ela retorna não mais como uma costureira inocente, mas sim com a força inabalável de uma mulher que fará o que for preciso para atingir seus objetivos.
Depois dos horrores da Segunda Guerra, o mundo começa a se reerguer lentamente. Sira, depois de concluir suas funções como colaboradora do Serviço Secreto Britânico, só consegue pensar em uma coisa: paz.
Mas nem tudo é tão simples.
Um trágico acontecimento colocará os planos de Sira em xeque, e, mais uma vez, ela terá que tomar as rédeas de seu próprio destino e buscar em si a coragem e as forças para seguir lutando.
Entre perdas e reencontros, participando de momentos históricos em lugares como Jerusalém, Londres, Madri e Tânger, Sira Bonnard – antes conhecida como Arish Agoriuq e Sira Quiroga – vai correr riscos inimagináveis, a fim de garantir um futuro tranquilo para seu filho.
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APPIO
02/05/2023 - 18:36
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SIRA - de Maria Dueñas
Sira
De Maria Dueñas
Difícil fazer um breve comentário deste romance, tantos são os acontecimentos narrados, ocorridos em tantos locais de três continentes por tantos os personagens – reais e fictícios. Este poderia ser o segundo volume do “O tempo entre costuras” – o primeiro romance (e Best seller) consagrados da autora espanhola. Sira é a continuação da saga do personagem do primeiro livro, mais experiente, mais forte, mais determinada, mais senhora de seu destino. Destino, por sinal quase sempre incerto, dadas as tantas idas e vindas de sua trajetória, que neste romance tecnicamente não histórico, mas cuja ficção se entrelaça a fatos realmente ocorridos – e, portanto históricos – e com personagens reais. Dueñas não fez o livro para contar a História, mas usou a História para contar o seu livro.
História que continua (e neste livro começa) em meados dos anos 40, tendo por cenário a situação da Palestina – então sob o Mandato Britânico. Foi quando após a II Grande Guerra, os Judeus – os sionistas - começaram a invadir a Palestina, que fora ocupada por eles nos tempos bíblicos e dela expulsos pelos romanos no Sec. I d.C., e era ocupada pelos Árabes desde o séc. VII d.C.. Para isso, além da invasão de milhares de civis, utilizaram também do terrorismo armado contra os árabes, que lá viviam há séculos, e os britânicos que administravam a região. Então casada com um britânico do Serviço de Informação, Sira acaba por se envolver nesse contexto histórico, transitando tanto entre Jerusalém como Londres. Dueñas faz Sira transitar tanto pela Palestina como pela Inglaterra, com descrição primorosa e detalhista dos locais e personagens reais, sim, reais e muitos deles participam ativamente do romance.
Da Palestina e da Inglaterra, Sira passa pela Espanha, onde terminada a Guerra Civil e a II Guerra, o pais passa pela crise de reconstrução e solidificação do regime Franquista. Aí, já mãe, desempenhado um novo papel. Sira se envolve com um dos acontecimentos que a ligam a America Latina: a visita de Eva Peron, esposa do Presidente Argentina – país que a época tinha situação econômica riquíssima - e a Espanha, que precisava se desvencilhar dos laços com a Alemanha nazista, e estava pária para as democracias vencedoras. A Argentina seria sua salvação. E Sira entra também nessa historia, envolvendo-se com a primeira dama argentina, e ela também sendo uma salvação.
Já não bastasse, finda essa missão, Sira muda-se para o Marrocos, para uma vida tranqüila. Não pelas mãos de Maria Dueñas que a envolve em novas situações e a coloca sob novos riscos.
Em todas essas etapas, o livro está repleto de descrições perfeitas dos locais onde ocorrem os fatos- ruas, estradas, prédios, palácios, parques e que tais. Não menos ilustrativas são as narrativas sobre as pessoas comuns, a população de cada cidade, de cada bairro, desde vestimentas até forma de falar. Os fatos “históricos” são tratados com fidelidade e com isenção, e não são poucos. Quanto aos personagens, ela os cria tão bem, que alguns com certeza parecem que são criados – e não são, e outros, criados, podem ser reais.
O preciosismo da autora espanhola se revela nos mínimos detalhes, seja nos tecidos dos vestidos da época, nos hotéis, bares e lojas que existiam no pós guerra, nos objetos de maquiagem e toucador, até nos discos tocadas em festas que ela criou e as que realmente ocorreram. É preciosa a reconstrução.
E como sou chato e chegado em História, pesquisei e procurei conferir tudo. De fatos e roupas, de pessoas e hábitos- pessoais e sociais, de gravações a decorações, e assim por diante...
E como não sou chato, sou é muito chato, a única dúvida que tive: uma senhora, nua festa no fim dos anos quarenta, fumava um cigarro com um filtro rosa.
Segundo pesquisei, o cigarro com filtro foi criado em 1952, e só começou a pegar em 1956.
quatro primeiros